O volume compila todos os contos de Urupês (1918), Cidades mortas (1919), Negrinha (1920) e O macaco que se fez homem (1923) e ainda traz uma vasta fortuna crítica que posiciona e transporta o leitor de hoje à atividade literária feita na época. Estão presentes contos clássicos como “Meu conto de Maupassant”, “Bucólica”, “Cavalinhos”, “As fitas da vida”, “O bom marido”, entre dezenas de outras histórias.
Urupês
Lançado em 1918, este livro apresenta pela primeira vez um dos personagens mais marcantes da literatura lobatiana: o caipira Jeca Tatu, um “sombrio urupê de pau podre a modorrar silencioso no recesso das grotas”. Com ele, Lobato antecipa uma postura ecológica ao defender o meio ambiente, explorando temas como a queimada e o desmatamento no Vale do Paraíba, alertando, com o conto “Velhas Pragas”, sobre as causas do empobrecimento do solo. Urupês é uma coletânea de contos e crônicas, considerada obra-prima de Monteiro Lobato. Inaugura na literatura brasileira um regionalismo crítico e mais realista do que o praticado anteriormente, durante o romantismo. A crônica que dá título ao livro traz uma visão depreciativa do caboclo brasileiro, chamado pelo autor de "fazedor de desertos", estereótipo contrário à visão romântica dos autores modernistas.
Cidades mortas
Através dos contos, é retratada a decadência do Vale do Paraíba, em decorrência da abolição da escravatura. Publicado em 1919, reúne 25 contos, entre escritos de juventude e textos posteriores. Neles, Monteiro Lobato retrata de forma crítica e bem-humorada, os costumes provincianos dos povoados do interior do Brasil onde o poder é invariavelmente dividido entre o coronel fanfarrão e o vigário que faz acrósticos em latim. Depois da prosperidade promovida pela onda verde dos cafezais, só resta a esses lugarejos decadentes a nostalgia das grandezas de outrora: “Ali tudo foi, nada é. Não se conjugam verbos nos presente. Tudo é pretérito”. Assim se refere Monteiro Lobato a essas cidades no conto de abertura do livro.
Negrinha
Publicado em 1923, após o sucesso de Urupês, o livro de contos Negrinha, através de seus personagens, forma um retrato da população brasileira do início do século XX, com os quais Lobato denuncia os bastidores de uma sociedade patriarcal. É uma forte crítica que deixa transparecer os vestígios de uma persistente mentalidade escravocrata da sociedade, mesmo décadas após a abolição. O livro era constituído na primeira edição apenas pelos contos Negrinha, Fitas da Vida, O drama da geada, O Bugio moqueado, O jardineiro Timóteo e O colocador de pronomes. Muitos consideram que neste livro estão os melhores contos escritos por Lobato. Sem dúvida são os mais emotivos e que mais agradaram ao público. Alguns contos foram escritos antes de sua viagem aos Estados Unidos, outros depois do retorno. O livro contém verdadeiras preciosidades no tratamento do idioma e os personagens são mais urbanos e mais mundanos que os dos livros anteriores. "Aqui encontramos um painel que vai da farsa à tragédia, do sarcasmo à compaixão, passando pelo drama pungente da filha de uma ex-escrava." Na segunda edição foram sendo acrescidos contos que hoje formam o conjunto de 22 narrativas.
O macaco que se fez homem
Lançado em 1923, este livro reúne dez contos de Monteiro Lobato que assim como Negrinha e Urupês aproxima o leitor de um Brasil trágico e cômico, como nos contos “Duas cavalgaduras” e “O bom marido”. Um dos contos da obra é a parábola “Era no Paraíso...” que Lobato escreveu inspirado na teoria evolucionista de Charles Darwin e resultou no título do livro.
Livros da Coleção Monteiro Lobato Adulto
1. Contos Completos
2. Urupês (1918)
3. Cidades mortas (1919)
4. Ideias de Jeca Tatu (1919)
5. Negrinha (1920)
6. O macaco que se fez homem (1923)
7. Mundo da lua (1923)
8. O Presidente Negro/O choque das Raças (1926)
9. A barca de Gleyre (1944)